terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A manhã estava radiante, o sol de fevereiro adentrava as janelas, as portas, as frestas, as vidas. E foi esse clima o necessário para que o bom filho ao lar voltasse. Parado em frente à porta ele já podia sentir o cheiro do café amargo de sua mãe, do jornal de seu pai, ainda quente da prensa. Os pelos de seu cão, o toque macio de seu gato nas manhãs, que se esfrega entre as pernas, pedindo por carinho. Todos esses detalhes vieram de súbito nas frações de segundo que seus dedos procuraram a maçaneta. E ele entrou. Foi recebido com muita alegria e emoção, deu nova vida àquela casa que finalmente conseguiu deixar entrar a alegria da manhã de verão. Disse que foi se encontrar, conhecer novas mentes, novos sentimentos, novas sensações. Passou por vários lugares diferentes: visitou tribos africanas, tomou cafés nos Boulevars de Paris, conheceu ruína de castelos na Espanha, monges budistas, sambou em Mangueira, até que finalmente sentiu saudade de si mesmo e voltou às origens. Voltou renovado, mas sentia que nada tinha acontecido, que ele retornou exatamente da mesma maneira como partiu, sem mudar um detalhe. E o mais estranho disso tudo é que essa era a sua maior felicidade.