quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sobre o tédio e a morosidade

Férias pra mim é um negócio agoniante. Ficar sem foco, sem correr atrás de uma uma notinha de dinheiro pendurada numa vara de pescar presa ao meu traseiro pra mim é a morte, um castigo. Principalmente quando estou sem dinheiro pra me distrair em alguma festa, sessão de cinema, porre, ou qualquer outra ilusão que ele possa comprar.

Bem, para a felicidade do poeta e para a infelicidade da poesia em si, eu tenho a minha mão 24 horas por dia, a internet pra me animar. Ou desanimar, como cheguei à conclusão, depois de ter lido todos os artigos de artes, política, cosméticos, fofoca, (ad infinitum), ter jogado todos os jogos, visto todos os vídeos engraçados, ouvido todas as músicas e feito de tudo que minha paciência e minha vista aguentaram. Até que surgiu uma luz.

Não é que no meio do silêncio da sala eu ouço a abertura de "A Grande Família"?! E me vem a cabeça a brilhante (sem ironia) ideia de assistir. E por que não na televisão do meu irmão? Afinal, carente do jeito que seus 14 anos o obrigam a ser, isso até que faria bem pra ele. Por azar a introdução já tinha passado e, portanto, eu só pude assistir os quinze minutos finais. Mas por sorte, foram quinze minutos que mudaram meu humor esta noite.

Saí daquele quarto pensando nos dias em que apostar corrida, brincar com a cachorra, bater cards, ou fazer qualquer coisa que exigisse a presença física de uma mais uma pessoa (ou pelo menos de mais um ser vivo) era o máximo do máximo, o suprassumo da diversão. Até que veio a internet, a tv a cabo e toda a sorte de tecnologias e tornou isso obsoleto, careta, tradicional, quase que um insulto frente a tanto dinamismo, tanta modernidade, tanto prazer solitário.

Logiacamente, seria uma hipocrisia tamanha da minha parte usar essa situação inusitada pra fazer qualquer crítica sem sentido à internet, e essas modernidades todas, tanto que cá estou, ouvindo música, fuçando a vida alheia e fazendo tudo o que há meia hora estava me aporrinhando a paciência. Só me vi surpreso diante da rotina entediante que eu me encontrava mesmo com a bênção da santa internet. E espero que daqui em diante eu possa usar meu tédio como um termômetro que nivele os meus excessos e possibilite sempre uma divertida experiência saudosista.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A primeira vez foi uma brisa, uma sensação de leveza que com discreta maestria veio, se fez presente e foi embora. Quieta. Suave. Na segunda, a sua presença já pareceu mais concreta, mais marcante, e assim passou-se os dias, os meses. Agora que a brincadeira cansou, que já está começando a fazer mal, sua ausência de tempos em tempos grita, como uma sirene, como um alarme, como uma criança faminta longe da mãe. E o que era apenas uma inocente felicidade virou uma necessidade corrosiva, um doce com final azedo. Saboroso, porém indigesto.

sábado, 9 de julho de 2011

De repente parece que tudo fica negro. Perdido num mar de amarras e contrições, tudo pra mim me parece muito difícil: O teclado parece estar coberto de pedras pontiagudas que me impedem de escrever; minha voz parece envenenada, me impedindo de falar; minhas pernas travam e o caminho se impossibilita. Minha expressão some, minha vontade de viver morre. Pra piorar a minha situação, normalmente essas anomalias são consequências de uma adaptação tensa, de uma situação sufocante, o que duplica a já angustiante dor. Espero acordar logo desse pesadelo