sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Primeiro vem a insegurança de pisar com os pés descalços na areia macia, quente e acolhedora: resultado de uma rotina de desconfianças, de olhos e ouvidos atentos à qualquer coisa que destoe com o caos nosso de cada dia; mas em poucos minutos vem a redenção, e se entrega por completo a tanta paz, tanta maciez e acolhimento. E com isso eu vou em frente, abocanho minha incerteza, mastigo e engulo com frieza e determinação. E cada passo dado é uma batalha. Cada vez que eu finco a planta do meu pé sobre a areia fofa, uma vitória foi conquistada. Até que a temperatura sob meus pés vai esfriando e minha alma vai se preparando para a o infinito a medida em que a areia vai se esfriando, escurecendo e condensando. E quando finalmente seus pés molham-se na água, ele tem certeza que jamais será o mesmo, que junto com o sal, uma parte de si condensou em seu corpo e lentamente vai indo embora, a medida em que seus passos avançam num caminho sem começo, sem meio e sem fim.