terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Arte de Escrever

Comecei hoje minha primeira (de muitas, Ó.B.V.I.O.) oficina cultural , que tem como tema a introdução em literatura africana de língua portuguesa. Comecei essa oficina por curiosidade mesmo (OMG, eu não acredito que eu estou falando isso, já é a terceira vez que eu repito essa ladainha só essa noite), porque pense: a África que nós conhecemos na escola (não digo nos noticiários porque quem me conhece sabe que eu sou um perfeito alienado das tendências e atualidades) não vai muito além do processo de divisão territorial africana no começo do século XX, antes da Primeira Guerra. Além disso, sabemos que de lá que nasceu o homem moderno, que é território onde nasceu a civilização egípcia e outras que eu não me lembro o nome; que há muitos conflitos causado pela imposição de etnias rivais num mesmo território ou pela presença de substâncias preciosas em determinadas regiões... nada muito além disso. Para nós pobres mortais alienados pela mídia, sim, mas mais por nós mesmos e nossa falta de força de vontade, a cultura africana é uma coisa muito exótica, muito tribal, com uma ligação à natureza muito forte à qual nos é difícil de imaginar.
Antes de eu ter a minha primeira aula eu pensava: como os autores de Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe adaptaram essa presença tão forte da sociedade tribal à uma coisa tão elitista, técnica e tão distante de sua realidade que é a produção de texto? Na minha cabeça, os autores dessas regiões pela própria pré-colonialista tinham muitas influências do Arcadismo (no sentido de adoração à natureza) e do Simbolismo (pelo culto à entidades e pelas religiões que lá nasceram). Mas com essa minha mínima introdução eu já percebi que não é nada disso.
Pense: produção literária não existe em sociedade tribal, logo ela não vai ser feita por pessoas que vivem em tribos, logo vai nascer em sociedades urbanas, logo a realidade é diferente daquela vivida pelas tribos, portanto o que eu pensei sobre a literatura africana caiu por terra.
Pelo que eu entendi dos autores angolanos (que serão estudados nessa e em mais três aulas, depois veremos os moçambicanos), eles se focam muito na luta pela independência de Angola, que só foi conquistada em 1975 e o primeiro presidente angolano é justamente um dos autores mais estudados nesse país: Agostinho Neto.
Essa aula me fez aprender muito mais do que uma simples amostra da literatura de Angola, me fez ver (mais uma vez, só que dessa vez com mais clareza) minhas necessidades, meus defeitos e, ao mesmo tempo minhas qualidades. Não digo que minhas aulas de literatura no ensino médio não me façam enxergar isso, muito pelo contrário, mas a diferença está em dois pontos:
1. Literatura estudada no ensino médio tem função epifânica sim. Mas a função do estudo da literatura na escola não tem como função fazer com que o aluno enxergue o mundo sob vários pontos de vista em várias épocas, e nem trazer o que o narrador ou o eu-lírico está transmitindo para sua vida (coisa que todo bom livro pode fazer). Ela serve pra te ajudar a enterpretar textos e passar no vestibular. Um curso opcional de literatura (ou de qualquer outras artes) não tem essa preocupação tão infame, que não faz com que uma pessoa enxerga o poder e a beleza da arte.
2. Por mais que eu adoro de paixão minha escola, os animais de tetas da minha sala, minha professora de língua portuguesa e literatura e toda minha vida escolar em geral, ver uma matéria sob outro ponto de vista, em outra situação, com outros interesses e cercado por outras pessoas causa outros resultados em mim mesmo.
Enfim, acho que só tenho a ganhar com essa oficina, por mais que aos olhos de outros, ela pareça inútil
PS.: Jéssica pare de reclamar de ter escolhido fazer esse curso, porque ele é mágico
PS#2.: Lizzie... estava com vontade de te incluir na postagem, e aqui estou
PS#3: Laés, mil disculpas de não ter te avisado antes sobre essa oficina. Semestre que vem a gente faz uma oficina de literatura dos brother!