domingo, 7 de fevereiro de 2010

e o menino do cabelo curto, encantado com aquele objeto baixinho encostado à parede e, para descobrir a utilidade de encantador apetrecho, resolveu consultar seu porto seguro:
-mamãe, o que é esse buraco amarelo na parede?
-é uma tomada filho! não ponha o dedo aí se não você vai levar um choque!
Ele tinha sim uma noção do significado nefasto daquela palavra de cinco letras. Mas sua tenra mente não teve tanta facilidade de associar a ação com a consequência, pois a razão foi entorpecida pela curiosidade. Afinal, será que ele realmente ia tomar um choque? Será que tomar choque é mesmo algo tão ruim assim? Porque se fosse, pra que exisitiria essa tomada?
Não se sabe como, nem quanto tempo durou esse misto de pensamentos que surgiram numa velocidade maior do que imaginamos, mas eis que o menino do cabelo curto de vê com o dedo dentro da tomada. A ação teve uma reação imediata, rápida e com efeitos colaterais prolongados. Em vinte segundos sua mãe estava o amparando. Em dois minutos, sua mãe estava o castigando. Em três horas sua mãe estava o ensinando os motivos pelos quais não ele não deve desobedecê-la. Em uma semana, seu dedo queimado começou a cicatrizar. Em oito dias a cicatriz começou a coçar. Em dez dias a ferida estava reaberta. Em quinze anos ele ainda sente um frio na barriga ao ter que ligar algo na tomada.
E ele nunca mais repetiu aquilo.