quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A Maçã no Escuro, pág. 211

"Não poderia [escrever um romance]! Saltou o professor, e aí é que está! Não poderia , exclamou penoso, não poderia porque tenho todas as soluções! Já sei como resolver tudo! Não sei como sair desse impasse! Para tudo, disse ele abrindo os braços em perplexidade, para tudo tenho uma resposta"

Ler Clarice é, definitivamente um trabalho penoso. Mas é o tipo de desafio que te engrandece, que te marca para sempre, porque ela entra no universo do personagem de maneira tal que você fica abismado com a riqueza de detalhes e com a maneira poética da autora mostrar esse universo intimista. Dos livros dela que eu já li(A Hora da Estrela, Perto do Coração Selvagem, Laços de Família, A Paixão Segundo G.H., e agora A Maçã no Escuro) esse último tem sido o mais penoso de todos. Só não foi mais difícil do que Perto do Coração Selvagem pois eu, na época um pobre garoto que não conhecia nem Dostoievski e encantado com a habilidade da então desconhecida autora em descrever a personagem Macabéa no idolatrado "A Hora da Estrela" fui pego de surpresa por um livro estranho, com textos reflexivos que exigiam demais da minha capacidade de concentração e interpretação. Depois de reler o tal livro três vezes e me aventurar em outras obras, eis que denovo eu me vejo nesse impasse: as belas palavras de Clarice não tem nexo pra mim.
A Maçã no Escuro conta a história de um engenheiro carioca que cometeu um crime e passa por um processo de depuração numa fazenda que pertencem a um par de primas: Vitória e Ermelinda. Pessoalmente, posso dizer que até certo ponto do livro, tudo transcorria tranquilamente e eu conseguia lidar com o jeito clariciano de escrever sobre alguém e seus atos. Mas ultimamente, esse livro de 320 páginas virou uma espfinge indecifrável e tenho medo desta me devorar. Não vou entrar em detalhes: posso me confundir, posso acabar falando demais ou mesmo descobri que essas três semanas que estou tentando ler o livro não descobri nada além de uma visão geral da obra. Parte da culpa por não conseguir digerir os (in)decifráveis parágrafos do livro é minha, já que eu escolhi ler um livro que merece toda a atenção do mundo numa época da minha vida onde a ansiedade, um "mal" que eu carrego desde epigênisis da infância (não poderia concluir essa postagem sem uma brinks, se não entendeu joga no google), está me atrapalhando a vida profundamente.
Por enquanto, a única solução que eu vejo é reler em outra época, assim como eu fiz com Coração Selvagem, até lá, verei o que faço com as 80 úlimas páginas.
PS: Eu entendi o parágrafo que eu supracitei.