quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O escafandro e a borboleta

Sua manhã não passou de alguns vagos sonhos e a lembrança de cambalear em direção ao banheiro, lavar o rosto, escovar os dentes e se preparar para mais um dia incerto. Almoçou com uma vontade estranha, pois seu estômago ainda sonolento não estava dando sinais de que iria conseguir encarar tanto carboidrato e proteína, mas felizmente correu tudo bem. O dia correu, ora verde, ora rosa, ora azul, até que ele terminou cinza. Um cinza ainda pálido, tímido que, conforme o crepúsculo avançava, ia atingindo adquirindo um tom chumbo cada vez mais marcante. E então ele se livrou daquele escafandro cinzent e pesado e sua alma se revelou uma borboleta reluzente, colorida, inspiradora que, durante horas voou noite adentro com uma liberdade assustadora. Mas como não há lugar mais seguro que seu lar, a linda borboleta voltou para a segurança de seu escafandro que já não estava tão cinzento e nem tão pesado assim. Se o aparato vai continuar a dar apenas segurança e apoio para a frágil borboleta só o tempo pode dizer, mas como esperança é a última que morre, para que se preocupar?